domingo, 3 de maio de 2009

RELATÓRIO DE PRÁTICA proposta por Ana Flávia – dia 15/04/09

RELATÓRIO DE LABORATÓRIO - DIA 15/04



A PESQUISA


Tema - "Batom vermelho não!"


Proposta de investigação - Estudo do estereótipo feminino na Igreja Assembléia de Deus e sua produção de signos. O presente laboratório trabalhou com a perspectiva do signo comumente visto na figura mulher asembleiana que é a saia longa e os mecanismos de locomoção e burlação das limitações/possibilidades oferecidas por este elemento.




A presente proposta surgiu de uma inquetação durante a seguinte circunstância: Ao se arrumar para apresentação de uma coreografia na Igreja Batista dos Mares cuja a temática do trabalho era dança flamenca as integrantes do Grupo Karisma se mostraram resistentes a idéia de usar batom vermelho por julgarem o mesmo "vulgar". Esta resistência ao batom me fez refletir que outros signos são entendidos ou não por vulgar e em que espaço se dá esta construção no imaginário coletivo.


Para tal observação, passei a listar alguns elementos que mulheres da Igreja Asembléia de Deus usam tipicamente fazendo uma breve ressalva de que o segmento doutrinário da Assembléia de Deus mencionado neste estudo seria de uma linha mais tradicional haja vista que a doutrina evangélica tem passado por uma série de mudanças em suas configurações originárias do calvinismo e luteranismo para atender a uma série de demandas cada vez mais complexas e distintas.


O estereótipo da mulher selecionada para estudo usa saia longa, cabelos presos em conque ou trança, não faz uso de maquiagem ou bijuterias mais chamativas ou qualquer tipo de apelo que venha a chamar a atenção para si.


O LABORATÓRIO


O laboratório fez uso de um único signo dentre o universo de elementos oferecidos por este estereótipo que foi a saia comprida, por esta ser um elemento facilmente reconhecido na figura feminina da Igreja Assembléia de Deus.


Para sistematizar o laboratório foi segmentado em seis partes nas quais foram sendo apresentadas paulatinamente as etapas da proposta que iam se complementando passo a passo. Segue abaixo a descrição de cada parte do laboratório, seguido de trecho em vídeo ou link do youtube em virtude da extensão do arquivo que não coube no blog.


Parte I

Foi solicitado ao grupo a realização de um livre aquecimento na barra a fim de preparar o corpo de forma individualizada seguindo as necessicidades de cada um para a proposta seguinte.


Parte II
Cada um deveria criar uma partitura coreográfica de oito tempos livremente.
http://www.youtube.com/watch?v=F9LOu2jEQNA


Parte III
Fazendo uso dessa partitura coreográfica, cada integrante deveria vestir a saia e adaptar a partitura a este novo elemento e apresentá-la individualmente.
http://www.youtube.com/watch?v=vBknIvyt_sE


Parte IV
Uma vez adaptada a saia, esta partitura deveria ser modificada sob a seguinte condição: NÃO EXPOR MEMBROS INFERIORES ALÉM DOS PÉS.Uma vez adaptda a partitura deveria ser novamente apreciada.
http://www.youtube.com/watch?v=gc_puwv-oA0


Parte V
A partir desta construção os integrantes deveriam atribuir segundo o entedimento pessoal aspectos sensualizantes a esta partitura.
http://www.youtube.com/watch?v=Ds2fiQ15bjM&feature=channel


Parte VI
Findado o processo o grupo reuniu-se para comentar o laboratório e oferecer um feed back a respeito.

OBSERVAÇÕES

O presente laboratório permitiu observar alguns aspectos e consolidá-los com informações previamente articuladas em campo observando mulheres assembleianas durante cultos.
Primeiramente pode se observar o estabelecimento de um relacionamento entre o ser e o objeto em ambas as circunstâncias sendo que enquanto a mulher da Assembléia de Deus busca minimizar o quanto possível os movimentos da saia, seja em seus passos curtos, na ausência de gingado nos quadris ou no cruzar de pernas, os corpos do laboratório buscaram criar o maior número de movimentos possíveis à saia.
Uma vez proposto condições próprias do cotidiano dessas mulheres como a limitação em não expor membros inferiores foi notória a idéia de limite. A partir dessa perspectiva as partituras coreográficas sofreram recortes, ficando limitadas aos membros superiores e perdendo movimentos antes usados frente a esta nova possibilidade.
Por fim ao solicitar que estas partituras recebessem caracteres sensualizantes ainda sob a proposta de não expor membros inferiores nova informação se cruzou com a realidade de campo: as expressões faciais tem legitimidade nesses espaços em que outras partes do corpo não são contempladas.
Findado o laboratório os comentários suscitados em grupo reforçaram as observações realizadas ao longo do laboratório permitindo dizer que cada mecanismo de limitação estimula novas possibilidades que levem a burlar este sistema o que permite tirar o fardo do estereótipo estudado ser somente um mero agente passivo de sua realidade e lhe percebendo como atriz e autora de mecanismos próprios de afirmação de sua condição sexual.

Um comentário:

  1. Ana,

    Seu relatório está muito bom!!!

    Como estamos tratando de gênero, sugiro aprofundar para sua pesquisa no próximo semestre, como essas mulheres se comportam no cotidiano em relação ao homem. Há submissão total? Há algum tipo de transgressão? Se há transgressão, onde se encontram? Elas encontram essas bases de comportamento na bíblia?

    Parabéns!!!

    Bjs

    Antrifo

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