terça-feira, 16 de junho de 2009

Relatório - Laboratório proposto por Mayana

RELATÓRIO – Laboratório de Corpo e Criação
Por Mayana Magalhães


A proposição do laboratório se consolidou a partir das discussões sobre a tentativa de reconhecer qual (is) fator (es) determinaria (m) um indivíduo como homem ou mulher. Esse laboratório não tinha uma hipótese de qual (is) seria (m), mas várias hipóteses, muitas dúvidas. Acreditava inicialmente que existiriam clichês, elementos freqüentemente repetidos que colaborariam com essa classificação.

É comum ver alguém na rua e, inconscientemente ou não, identificá-lo como homem ou mulher. Ainda que se identifique como homossexual (segundo o padrão de homem efeminado e mulher masculinizada), ou quando há dificuldade para fazer essa definição, a confusão só existe porque se “quer” saber se é um homem OU uma mulher e não uma terceira, quarta, quem sabe quinta opção.

No entanto ao se tratar de repetições e clichês, trata-se de estereótipos e, conseqüentemente, de pré-conceito. Numa observação feita a uma maneira de se vestir, falar, andar de alguém, ou num texto que se lê, muitas associações são feitas a partir da grande quantidade de informações contidas nessas representações. Todavia quando isso ocorre subentende-se que todas essas relações são conseqüências de padrões pré-estabelecidos.

Com o intuito de fomentar essas discussões, foram exibidos slides de adivinhação cuja tarefa era tentar identificar os homens e as mulheres e os fatores que colaboravam para chegada a tais conclusões. Ainda com muitos erros, foi conversado que sobrancelhas extremamente desenhadas, bocas e olhares muito definidos, excesso de maquiagem, enfim, o exagero, a alegoria tende à artificialidade - neste caso, identificada no homem numa configuração feminina ou na própria mulher com sua exacerbação. Porém em seguida foram apresentados slides com fotos de Roberta Close e a indicação foi identificar esses mesmos fatores citados por eles. Ouve muito alvoroço, pois nada daquilo cabia para as fotos de Roberta Close.

Mais tarde, cada pessoa da turma recebeu um papel que poderia conter informações nas seguintes formas: página de Orkut, música, recorte de biografia e texto de blog (formato de diário). Em seguida foi proposto que fosse elaborada por cada pessoa uma seqüência que seria a que cada um entendia como coreografia daquela pessoa cujas informações contidas no papel se referiam/relacionavam. Porém duas pessoas recebiam a mesma informação (exceto João), mas propositadamente a turma não estava ciente disso. Vale salientar também que quando a informação não se referia a alguma pessoa popular, era a alguém que eu conhecia exatamente para observar semelhanças e divergências, mas a turma também não sabia que se tratava de pessoas conhecidas, pois não tinha acesso aos nomes originais.

As duplas foram:

Loraine e Natália Matos – Recorte de biografia de Christiane Torloni
Maria Paula e Natália Rosa – Recorte de biografia de Clodovil
Simone e Evie – Página de Orkut de Luiza*
Alana e Carol – Texto de Blog de Luciana*
Thiago e Victor – Página de Orkut de Luiz*
João – Recorte de biografia de Lula
Diego e André – Música de Erasmo Carlos “Dá Um Close Nela”. Existem comentários de que a música faria referências à Roberta Close
*pseudônimos

As performances variaram bastante, mas em algumas pude encontrar vários pontos de aproximação com suas respectivas duplas como as de Alana/ Carol e Diego/ André. No entanto a turma só declarou perceber essas conexões a partir do momento em que cada pessoa falava um pouco do seu personagem (antes da leitura ou revelação da figura e/ou nome).
Ficou mais que evidente que a forma de se reconhecer o outro vai variar de acordo com as vivências, experiências, etc. de cada um. E já que não existe um indivíduo igual ao outro...

_Algumas questões_

O fato de ter um pênis ou uma vagina define uma pessoa como homem ou mulher? E quando ocorre de um indivíduo ter os dois órgãos (aparentemente) ou nenhum dos dois (se é que posso falar assim)?

A judoca Edinanci Silva, em 1996, teve que se submeter a um exame de feminilidade aplicado pelo Comitê Olímpico Interna-cional (COI). Os médicos diagnosticaram a interse-xualidade em Edinanci e ela precisou fazer cirurgia de orquiectomia bilateral (retirada dos testículos – que neste caso eram internos) e clitoridectomia (reconstituição do clitóris – que tinham um tamanho muito maior que o comum*). O tratamento envolveu um trabalho para reduzir a quantidade de hormônio masculino testosterona no organismo - era de 60% da carga total de hormônios - e deixá-la em condições de passar em dois exames de feminilidade do COI: o de existência de genitália feminina (vagina) e o de níveis de hormônio masculinos até 5% do total.
*usei esse termo, tendo em vista que casos como esse são raríssimos.



_Algumas falas_

Após leitura do trecho:
“Parabéns para mim, que Deus me abençoe e que vocês possam refletir um pouco sobre tudo que escrevi.” (Blog)
Joline – “É evangélica!”


Durante a exibição de uma foto dos slides de adivinhação:
Antrifo (com toda convicção) – “É homem sim! Ó o gogó!” (mas era mulher...rsrs)


Durante a exibição das fotos de Roberta Close seguida dos argumentos de definição de homens e mulheres:
Natália Matos – “Nosso discurso perdeu toda a validade”


Após exibição dos slides de adivinhação:
Antrifo – “Se nenhum de nós conhecêssemos Paris Hilton e ela estivesse entre essas fotos, iríamos dizer que ela era homem!”



Edinanci Fernandes da Silva



Paris Hilton

domingo, 14 de junho de 2009

Laboratório proposto por Carolina Falcão

RELATÓRIO DO LABORATÓRIO DE CORPO E CRIAÇÃO por Carolina Falcão

Professores: Antrifo Sanches e Fernando Passos

O Laboratório inicialmente tinha como objetivo explorar os movimentos estereotipados dos gêneros masculino e feminino,percebendo como esses movimentos se dão em diferentes corpos (não necessariamente dos gêneros correspondentes) e em diferentes situações psicológicas,sociais,financeiras,sexuais. O trabalho corporal seria solicitado em tempo dilatado de forma que pudessem se desdobrar as partes do corpo e as intenções corporais diante da visão do vídeo e através da projeção, a partir daí poderiam se desdobrar outras percepções que não só a do gênero determinado.O trabalho corporal seria desenvolvido a partir de estímulos visuais,sonoros e direcionamentos.Os corpos desenvolveriam as suas experimentações a partir das orientações e estímulos em uma passarela de luz, com música de desfile de moda e com a restrição das direções utilizadas nas passarelas.O Laboratório tinha como foco dentro do tema gênero de trabalhar corpo-moda,corpo-modelo,corpo-padrão com todas as suas implicações e exigências.

A proposta rotula e categoriza dois grupos heterogêneos e dicotômicos divididos em: homens e mulheres.Objetiva captar as sensações do que é ser um corpo categorizado e realizar movimentos realmente estereotipados do ser homem e mulher padrões. A partir do olhar em tempo real da câmera esses corpos poderiam se transformar ao olhar do espectador,perdendo e/ou transformando esses estereótipos.

Como Aconteceu: Como no momento do laboratório não houve a disponibilidade da câmera de vídeo e consequentemente a projeção dos mesmos em tempo real modifiquei algumas indicações como a do tempo dilatado na realização das "cenas",por exemplo. A turma foi dividida em dois grupos heteronormativos e binários(dicotômicos),foram distribuído papeis com os números 1 e 2. Quem fosse 1 seria homem e quem fosse 2 seria mulher. A partir dessas determinações biológicas sexuais.E foi pedido para que não fosse comentado com os outros o seu sexo determinado.

Como a intenção era que as pessoas não soubessem o que as outras "eram" foi pedido que o grupo 1 saisse do teatro e teve acesso a revistas masculinas e femininas, a indicação foi para que atentassem para os verbos de ação contidos,impostos nas propagandas publicitárias tanto propagandas direcionadas para homens quanto para mulheres e já pensassem como esses verbos podiam se dar nos corpos em cena.

O segundo grupo ficou no teatro e assistiu a imagens e sons que são os estereótipos do que é ser Homem pela publicidade. A partir de fotos,sons(textos) e filmes.Houve então uma troca dos grupos e as mesmas indicações foram dadas.

Quando os dois grupos terminaram os vídeos/slides e o acesso as revistas, foram dadas indicações de como a partir desses verbos de ação e estímulos dados pelos slides desenvolver nos corpos os questionamentos,dúvidas,revoltas,aceitações,realidades que esses padrões,definições,verdades trazem para a nossos corpos a partir de diferentes realidades: sexualidade,classe social,raça,intersexo...esse “personagem”poderia ser real( baseado em si próprio ou alguém conhecido) ou inventado.

As pessoas tiveram cerca de 10 minutos para desenvolver a cena sendo que o espaço tinha uma limitação. Era uma passarela de luz e eles teriam a limitação de usar o espaço da passarela para a cena e as direções usadas na passarela.Não houve indicação quanto ao tempo para desenvolverem a sua cena. Esse corpos foram filmados em câmera digital.

Depois de todas as cenas serem executadas sentamos em roda e o grupo falava o que achava que cada um era(homem,homo,negro,etc) e depois de ouvirmos, as pessoas falavam o que realmente “eram”. A seguir os vídeos dos trabalhos o que as pessoas falaram pelo estereótipos e o que as pessoas eram...

Diego:

O que disseram: Mulher comum,branca mas bronzeada,heterossexual,insatisfeita,insegura.

O que era: Modelo heterossexual, se glorifica,se identifica com o padrão.”Eu sou mais eu, eu ganho dinheiro mesmo, não preciso de photoshop”

André:

O que disseram: Mulher, novinha,o produtor come ela,negra,ela odeia os vizinhos,pobre que corre atrás,ascendente,periférica no Jet set,ela não pertence aquele lugar,vai morrer de nóia.

O que era: Mulher tentando chegar lá,buscando oportunidade,periférica,burra,estilo segura tranqüila com o padrão.

Thiago:

O que disseram: Mulher coroa que apresenta programa de moda,hiper educada mas é cachorra na cama, saiu do BBB para foto sensual,drag,boate gay,passarela erótica,homem travestido.

O que era: Puta casquinha de siri,puta que anda com viado,quer ser viado,mostra o rabo,toda boa,mulher carne, heterossexual,tranqüila com o padrão.

João

O que disseram: homem gay, no armário.Modelo obrigado a ser homem,cofrinho forjado, cofrinho é não gay,leva vida gay.

O que era: homem gay, de frente é hetero de fundo é gay, tranqüilo com o padrão,classe média.

Natália Matos:

O que disseram:Homem moda praia, mulher teen,gay, lésbica,parece tranqüila com o padrão.

O que era: Garoto classe media alta, todo mundo acha que ele é gay, ele acha que pode ser, tem 15,16 anos.

Alana:

O que disseram: Homem pra sociedade, mas é mulher,homem heterossexual, drag mulher,homem intersexo,confusa com o padrão.

O que era: mulher, midiatização para homens,é uma mulher que come( se comporta como homem hetero clássico),manda na parada,bem remunerada,bissexual.

Evie:

O que disseram: Totalmente em crise com o padrão,mas não transparece,sublimentemente tenta entrar no padrão mas esta totalmente fora.

O que era: Separa,estica,define(verbos de ação da revista),prende, modela, mulher negra,categoria em ascensão.

Joline:

O que disseram: mulher hetero,neurótica,bulímica,anoréxica,fotogênica equivocada.

O que era: tenta se modelar ao padrão,classe media,anoréxica.

Natalia rosa:

O que disseram: boy hetero machista se acha, Jonny bravo.

O que era: Playboy de camarote, come, gostosão, homofóbico, marrento.

Vitor:

Homem , hetero, tipo gogo boy, tipo olha o que eu tenho pra você, ele come cu porque quem come não é viado,sem beijo.

O que era: tipo pegou no pau ta subindo,pobre ascendente, metrossexual, quer usar marca.

Ao término das falas foi apresentado o trecho do texto de Baudrillard, A sociedade de consumo, buscando relacionar as idéias abordadas e questionadas pelo texto e as questões surgidas pelo experimento. Algumas palavras-chave emergidas pela discussão : Mulher-bandeja , mulher morta, padrão na dança, corpo algoz.

O que não funcionou: Eu havia me programado para uma discussão mais embasada e densa, porém poucos alunos estavam presentes,poucos tinham lido o texto e o encaminhamento talvez direcionou a importância mais para a parte corporal.Porém de um modo geral a discussão gerou questões coerentes com a proposta e que proporcionaram novas "vontades" para pesquisa no tema.

sábado, 13 de junho de 2009

Relatório - Laboratório proposto por André

RELATÓRIO


11/03/2009
QUEER
“A coreografia determina o gênero”

IDENTIDADE = CULTURA

?

*classe social
*gênero
*etni
a

18/03/2009

DISCUSSÃO

GÊNERO
Homem
Mulher

Senso crítico
Construção de personalidade
A educação e seus meios

SEXUALIDADE



O QUE EU QUERO OBSERVAR?

23/03/2009
• 1ª IDÉIA
Iria propor que fizéssemos uma gincana, como num programa infantil, com a finalidade de observar até onde e de que forma as experiências infantis influenciam na formação de cada individuo.

27/03/2009
• 1º LABORATÓRIO

GINCANA
MENINOS X MENINAS

06/04/2009
O que eu gostaria de comunicar?

08/04/2009
...hoje eu sou o que sou; sou gay, sou bailarino, gosto de moda, procuro uma pessoa pra casar, não coço o saco, nem conto piadas machistas, bêbado, numa roda de amigos, num bar depois da partida de futebol.

11/05/2009
Laboratório de Corpo e Criação
JOGO DA ESTÁTUA
INSTRUÇÕES
• Cada componente escreve numa folha recordações de sua infância : brincadeiras, desenhos animados, atividades....enfim.
• Esses relatos escritos no papel serão lidos antes que cada rodada comece pela própria pessoa que escreveu para que todos escutem.
• A rodada começa ao iniciar a música. Quando a música é interrompida todos os outros participantes têm que se transformar em estátuas, no entanto essas “estátuas” têm que caracterizar o componente que leu suas anotações anteriormente.
• O participante que está servindo como foco da observação ( o que leu antes da rodada começar ) vai até cada um dos participantes paralisados e elimina aqueles que não estão de acordo com a sua personalidade. Até que reste apenas um.

25/05/2009
Acreditava-se que a herança genética influía mais do que os hábitos e o modo de vida na constituição de uma pessoa, hoje sabe-se que o ambiente interfere de modo decisivo no código genético, promovendo alterações no funcionamento dos genes.
VEJA, 22 de abril de 2009

Através desse laboratório, apesar do tempo ser bastante curto, e me baseando em reflexões e algumas leituras – poucas inclusive, perto da amplitude do assunto – observei o quanto a forma como somos e fomos vistos interferem na formação de cada um de nós. O laboratório me trouxe resultados prováveis e ao mesmo tempo inusitados.

Quando o assunto é infância é difícil não cair na brincadeira. E quando o assunto é identidade (corpo, gênero, sexualidade...) o difícil é não cair na infância.

Relatório - Laboratório proposto por Diego

RELATORIO DO LABORATÓRIO DE CORPO E CRIAÇÃO

por DIEGO VITORINO

Professores: Antrifo Sanches e Fernando Passos


Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem por reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Fernando Pessoa


Culturalmente, politicamente falando, já somos influenciados a partir das crenças, hábitos e /ou costumes existente em cada país e a cada local, então já estamos inseridos no Eu comunitário, como padrões PRÉ estabelecidos num âmbito em que saí dela já nos torna “diferente”. Somos como cenário: é o espaço real ou virtual onde a história se passa, somos como objetos com cores, texturas, estilo, mobiliário todos com a finalidade de caracterizar o personagem. A sociedade impõe, as vezes massacra o cenário de um gay,negro, pobre se tratando do PRÉ conceito, e na maioria das vezes eles costumam ser o que não é, e para evitar constrangimentos, são obrigados ou ate mesmo por ser involuntário mudar sua postura, jeito de falar, agir,de se vestir para inibir e se “enquadrar” nessa sociedade. Outros não se importam, mais continuam sendo alvo dos olhares, das piadas, da desvalorização como pessoa sendo percebido no laboratório de Thiago no Shopping Piedade em Salvador.

A partir desses questionamentos me deparei com algumas perguntas que consequentemente vai gerando outros: Quem sou eu? Como me vêem? Será que eu sou como me vêem ou que acham que eu sou?

Parando para refletir por mais que seja involuntário ou não somos constantemente influenciados e modificados do ontem para o hoje, claro, mas, hoje você é realmente você ou a política e a cultura esta impreguinada e faz com que você seja “normal” para o publico e alienado para o seu in, seu inconsciente? E existe o verdadeiro eu? Quando eu me pergunto quem sou eu, sou o que pergunta ou o que não sabe a resposta? Conflitante.....Podemos ter respostas para algo, mais ainda falta responder outras gerados a partir das respostas anteriores. Para questionar sobre o Eu nos dividimos, fazemos outro cenário com dois ou mais objetos que discutem sobre si, mas ao mesmo tempo é o mesmo objeto.

Diante de muita “bolha”, conflitos, resolvi aplicar esse laboratório tirando da parte teórica e introduzindo a prática como objeto de estudo de como exercer e responder as perguntas utilizando também o corpo físico.



A Aula

Fiz um breve aquecimento e alongamento de corpo e utilizei três formas de alongamento:

1. Alongamento Obrigatório: dado por mim do jeito e da maneira em que eu como propus o laboratório teria o direito de fazer. No sentido em que tudo na vida às vezes por imposição social, cultural, político o que já esta impreguinado no mundo, e também por questão de ordem, há um certo distanciamento entre cargos em que seu comportamento deve ser diferente, por educação, por respeito e até para não entrar em atrito e perder o emprego, por exemplo. Você as vezes ta ali obrigado, fingindo está aparentemente bem mas a forma o jeito as atitudes distanciam do que realmente você é! Você não deixa de ser o que é mais não concorda com tipos de relações, logo há modificação de um jeito que gostaria de ser, mas não pode devido aos costumes feitos pelo próprio homem.

2. Alongamento de como você está acostumado a fazer, por questões físicas, ensinadas, pesquisadas, necessidade. Pensando também num outro ponto de vista social, como você estivesse no seu momento de fazer o que você quer, ter sua liberdade.

3. Alongamento que você não esta acostumado a fazer, por dor, por não gostar. Partindo no mesmo princípio do 1 mas com a liberdade de tomar a decisão de não querer sem prejudicar sua normalidade,como pessoa física e social.


Esse alongamento é apenas um despertar para perceber o quanto somos podados, o quanto somos modificados e influi no comportamento.

Após o alongamento pedi para que a turma fizesse uma, célula, seqüência uma cena ou outra classificação para em que fosse representada a pergunta em que iria propor para o corpo físico, não distanciando da mente, obviamente, é apenas um direcionamento de um foco maior.

1. Quem é você? (seu modo de ser, de agir, seus comportamentos e qual sua especificidade na técnica da dança, e aqueles que não obtém de uma técnica especifica mais que tem uma linguagem clara de uma movimentação que os agrade corporalmente).

Já ouve questionamentos de: como eu vou fazer isso? Ai meu deus! Como vou representar eu mesmo?

2. O que você não é, mas está acostumado a ser (por questões culturais, sociais, políticos, de como você é "podado" ou se automanipula consciente que não é você, mais para não "desagradar" a cultura que é imposta, se faz ser o que você não é) e, que não tem nada a ver com você em uma determinada especificidade corporal havendo a técnica ou não.


Foram elaborados e efetuados os dois cenários separadamente. A partir daí pedi que eles fizessem uma “mistureba”, a união das duas células e que o publico iria classificar se aquela determinada coreografia era ou não realmente da pessoa. Após as classificações o cenário iria fazer sua “célula tronco” assim chamada por Fernando Passos, era a coreografia original, a verdadeira na qual você realmente se acha ser ou é, partindo do princípio individual interna e perceptível ao Eu sendo avaliado como espelho. O eu e eu, ou o eu e o outro, você.
O interessante é que o público tem o pensamento, a priori, já destacada na imagem do ser e faz sua auto análise na qual muitas vezes é confundida e /ou interpretada de uma outra maneira, e é ela que na maioria das vezes classifica o cenário sem conhecer realmente como foi feito, já ver o trabalho pronto e não se dar o luxo de observar a fundo suas qualidades e defeitos. Então, o sujeito pode enganar facilmente e pode ser classificado como ser o verdadeiro Eu, de um ponto de vista in ou pelas pessoas que por sua vez partindo de um ponto de vista de fora reconhece muitos fatores que o próprio cenário não identificava. Para construção do Eu se leva em conta seus pensamentos e os pensamentos dos outros? O que você acha que é, se modifica quando o outro (público) fala sobre você?

“eu sei que estou e que tenho significado a partir do olhar do outro mas não sei
como é o que eles vêem em mim. (Thiago Assis - aluno UFBA - Dança). Thiago também fala se é influenciado por como vêem e acham o que é:

“Agora a coisa ficou profunda... E eu vou ter que me deter as explicações do Freud... rs... Ele em sua teoria defende que o sujeito é constituído pelo ID/ EGO/ SUPEREGO... O ID está ligado aos nossos instintos, ele é o nosso inconsciente, irracional. Já o SUPEREGO o herdeiro do complexo de Édipo, esse seria o regulador dos nossos comportamentos, funcionando como sensor dos valores morais, que geralmente são instituídos pelas questões éticas que norteiam aquele contexto. O EGO seria o "eu" que tem muito do ID regulado pelo SUPEREGO, e se tudo isso for levado em conta... é claro que aquilo que é proposto pelo coletivo (sociedade) influência nas minhas atitudes que não necessariamente dizem tudo sobre os meus comportamentos....”

O eu se modifica involuntariamente ou não. Mas, não é definição do hoje porque já de modificou ontem e vai modificar amanhã.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Relatório - Laboratório Joline Andrade

Proposta para Laboratório

Tema
Mulher, corpo e sociedade: uma análise das danças do ventre e tribal na contemporaneidade

Objetivo
Analisar os contextos sociais em que a mulher esteve inserida, associando seus papeis na sociedade, as influências culturais de determinados períodos históricos e suas diferentes concepções de corpo, às danças como a dança do ventre e tribal, levantando problematizações diante destes entendimentos na contemporaneidade.

Justificativa
Diante das discussões de gênero e seus inúmeros levantamentos feitos no Laboratório de Corpo e Criação I, a possibilidade de reflexão das danças especificadas pôde gerar a construção de uma pesquisa teórico/prática através de embasamentos científicos que trazem noções de cultura e sociedade que focam o papel da mulher e suas transformações ao longo do tempo. Selecionar a dança do ventre e a dança tribal parece ser pertinente para estas reflexões, pois estereotipam bem os reflexos de alguns pensamentos, sobretudo contemporâneos, nas relações entre mulher, corpo e dança.

Metodologia
Apresentação de uma aula teórico/prática de cunho investigativo a partir da reflexão de específicos momentos históricos e os papeis sociais femininos particulares a estes períodos, associando suas relações entre corpo e dança às idéias de dominação (dominante/dominado) e a reverberação destes pensamentos nas danças do ventre e tribal.

Roteiro de proposições

1. Apresentação do tema;

2. Alongamento baseado na técnica do Yoga;

3. Mostra de vídeos de dança do ventre e de dança tribal (“Instruction bellydance with Jillina” e “Tribal Fusion bellydance with Rachel Brice”);

4. Divisão de três grupos para a criação de cenas a partir da observação da mostra dos vídeos e da leitura de algumas citações do livro “A sociedade de consumo” de Jean Baudrillard, do texto “De Vênus a Kate Moss: reflexões sobre corpo, beleza e relações de gênero” de Maria Mota (UFC) e do texto “Mulher, corpo e sociedade: uma análise desde o patriarcado à contemporaneidade” de Geoges Boris (UFC) e Mirella Cesídio (UNIFOR);

• Grupo 1 – Execução de uma cena de modo que a idéia do poder do corpo feminino no período matriarcal esteja inserida (corpo como poder divino).

• Grupo 2 – Execução de uma cena, com o intuito de expor a repressão da mulher e conseqüentemente do seu corpo, retratando a submissão à dominação e exploração sexual masculina (corpo como pecado).

• Grupo 3 – Execução de uma cena de maneira que a redescoberta do corpo da mulher esteja ligada diretamente ao consumo do próprio corpo (corpo como objeto de consumo).

5. Proposta de problematização diante da justificativa das escolhas estéticas das cenas;

• A Dança do Ventre na contemporaneidade pode fornecer a noção da mulher como objeto sexual? Por quê?

• O surgimento da Dança Tribal tem a ver com o desejo de apresentar a dança do ventre sem alimentar tanto aquela imagem de consumo da mulher. Esta imagem de consumo foi realmente afastada? Por quê?

• Que tipo de significação o corpo traz diante destas danças?

 Mulher, corpo e dança: liberdade e poder no período matriarcal
 Exploração sexual da mulher e negação do corpo feminino
 Redescoberta do corpo: mulher como objeto de consumo


Introduzindo

O corpo da mulher é um veículo privilegiado de beleza, sexualidade e narcisismo dirigido. Foi vista durante muito tempo como sexualidade prejudicial numa condenação moral/social que se apóia numa servidão social.

As relações entre corpo, mulher e dança podem ser vistas de diferentes formas em diferentes períodos históricos e sociedades. Pode-se pontuar três configurações válidas às discussões de gênero e sexualidade sobre a dança do ventre e a tribal: a de poder e liberdade dos corpos femininos no período matriarcal; a exploração sexual da mulher e negação do corpo feminino onde a dança e obviamente o corpo eram vistos como produtos diabolizados; e a redescoberta feminina do próprio corpo na sua adaptabilidade à sociedade de consumo.

Sabe-se que estas pontuações fazem parte de um caldeirão de acontecimentos onde inúmeras formas de relação entre mulher, corpo e sociedade foram constatadas, sendo elas não apenas compreendidas num ponto de vista cronologicamente linear, mas como escolhas específicas para o desenvolvimento deste laboratório.


Alguns levantamentos

Registros antigos apresentam o período pré-histórico (idade da Pedra Lascada) como o período em que a representação da força feminina estava diretamente ligada aos cultos matriarcais, onde a mulher era divinizada pela capacidade de gerar uma nova vida e perpetuar a espécie.

Algumas das antigas civilizações do Oriente Médio utilizavam a dança como uma forma especial de cultuar seus deuses. Observando as mulheres que davam a luz após um período de nove meses de gestação, as pessoas da época chegaram acreditavam que as mulheres grávidas estavam impregnadas, ou possuídas, pela essência divina sendo capazes de produzir uma nova vida.

A relação entre a facilidade de entrar em transe e as habilidades de dança de algumas mulheres afirmava esta ligação. De acordo com as crenças, a Grande Mãe era quem alimentava a terra tornando-a fértil para a lavoura. Nos rituais em sua homenagem sacerdotisas expunham seus ventres sagrados fazendo-os dançar, vibrar e ondular.

Percebe-se que a relação entre a dança e os corpos femininos neste período era produzida a partir da centralização do poder dada pela capacidade de reprodução e crença da divinização dos ventres responsáveis por esta ação. Desta forma as mulheres estavam à frente da sociedade e sua dança representava uma expressão de domínio perante os corpos masculinos.

No final do período neolítico, em muitas regiões, o culto da Grande-deusa foi enfraquecendo. A passagem do politeísmo para o monoteísmo coincide com o início dos preconceitos contra as dançarinas, afinal de contas elas representavam um culto antigo de uma sociedade baseada numa cultura arcaica e que já não interessava mais. A transformação da sociedade trouxe a mulher para dentro de casa e os homens descobriram que ela não era capaz de gerar um filho sozinha. De deusa, a mulher passou a ser propriedade: primeiro do pai e depois do marido. Quando gerava um filho era apenas para dar continuidade a linhagem masculina.

Na Grécia clássica a beleza era uma qualidade do corpo masculino, mas do homem rico, grego e másculo. Esse corpo era exposto nos ginásios sendo a sua nudez uma forma nobre de exaltar toda a grandeza física e beleza dos homens. Essa nudez não era permitida para as mulheres, que despossuídas de poderes públicos, eram confinadas no espaço de casa. Essa tendência estética centrada no masculino vai predominar até a queda do Império Romano quando a figura feminina e seus atributos serão então diabolizados, especialmente sua beleza física, ligada à sedução e ao prazer.

O racionalismo moderno estabeleceu as bases para a emergência da mulher como o “belo sexo”, com as representações e papeis femininos que organizam as formas modernas de subordinação e desigualdade das mulheres. A instituição da mulher como o belo sexo ocorreu no contexto de uma cultura baseada nas capacidades humanas como o trabalho e a razão, criadores de riquezas, poder e saber, restituindo as coisas do mundo como criações humanas.

A beleza física se transfigura e assume um sentido positivo na sociedade, manifestando-se como qualidade das mulheres, pois aos homens cabia o trabalho e a razão, a inteligência e a força. Essa beleza feminina continuou idealizada para o deleite e prazer dos homens. O desbaratamento da diabolização da imagem feminina ocorreu na passagem para um conceito de beleza divinizada, em que o belo era confundido com a face de Deus, e era posto como um atributo das mulheres. Mas esse processo teve seu custo.

A concepção estética filosófica do belo como feminino, extraiu das mulheres a capacidade de raciocínio e pensamento, cabendo-lhes apenas a capacidade de sentir. Assim a mulher emerge na sociedade de mercado como dona de casa e consumidora, sensível e submissa, bela e burra. Beleza essa centrada não mais na ”face de Deus”,
mas na face material das riquezas e bens que estruturam a nova sociedade.


Corpo erótico e corpo de consumo

Assim como a mulher e o corpo compartilham semelhante servidão e relegação ao longo da história ocidental, a “emancipação” da mulher e a “libertação” do corpo estão coerente e historicamente conectadas, porém não foi eliminada a confusão ideológica entre a mulher e a sexualidade.

Do Iluminismo à sociedade de consumo, a beleza feminina passou por uma atribuição relacionada à conduta moral, para quem a mulher ao longo desses séculos, teve seu corpo sujeito às prescrições sociais, que transformaram sua imagem conforme os valores dos grupos sociais aos quais pertencia. Esta beleza feminina tem sido produzida com sacrifícios, relacionando-se a adequações, modificações e montagens de uma figura (irreal) para a sedução. Significando a criação de um corpo, que deve
personificar o belo, para as emoções e prazeres do desejo masculino.

A negação do corpo e a exploração sexual da mulher encontram-se situados sob o mesmo signo, pretendendo este que toda a classe explorada e, conseqüentemente ameaçadora, adquira uma definição sexual.

Tudo aquilo em que cujo nome se realiza a emancipação institui-se em sistema de valores de “tutela”. Valores irresponsáveis que orientam ao mesmo tempo valores de condutas de consumo e de relegação social. De tal modo a exaltação e o excesso de honra impedem a responsabilidade econômica e social real. (BAUDRILLARD, 1991, p.146)

No mundo ocidental, por vários motivos, a dança do ventre ficou conhecida como uma arte ligada à sedução e à sexualidade. Isso pode ter várias origens: desde os marinheiros britânicos que chegavam a Port Said no Egito por volta do século XIX e iam aos cabarés onde assistiam as exóticas apresentações, até as apresentações de Mata Hari que encantaram e assustaram toda a Europa no começo do século XX. Há também relatos de que algumas mulheres usavam a dança como forma de sedução em troca de favores pessoais.

As mulheres, os jovens e o corpo, cuja situação crítica após anos de servidão e de esquecimento vêem-se integrados e reconstruídos como o “mito da emancipação”. O círculo vicioso da emancipação dirigida que se reconstrói para a mulher é espantoso, pois através do conflito entre a mulher e a libertação sexual consegue-se
neutralizar ambas de forma recíproca.

Um dos mecanismos fundamentais do consumo é a automatização formal de grupos, de classes e de castas (e do indivíduo) a partir de e graças à automatização formal de sistemas de signos e de funções. (BAUDRILLARD, 1991, p.146)

Como já foi dito a pouco, pensar na dança do ventre como forma de sedução e erotização da mulher na contemporaneidade não é algo admirável, principalmente se estiver sendo vista por olhares ocidentais, logo, na cultura árabe, a dança não está relacionada a este princípio. É uma manifestação cultural onde a fertilização dos ventres parte da dança em que as mulheres aprendem desde crianças.

Segundo Baudrillard, existem várias discussões sobre a explosão sexual e o crescimento do erotismo. Juntamente com a sexualidade, a sociedade de consumo aparece, determinando toda a dominação das comunicações em massa. Tudo que se apresenta para ser visto e ouvido assume uma vibração sexual, porém é óbvio que ao mesmo tempo é a sexualidade que se propõe ao consumo.

A dança tribal desde sua formação viu-se diante da evidência de sua mesclagem. É uma modalidade de dança que tendo como base a dança do ventre, funde arquétipos, conceitos e movimentos de danças étnicas das mais variadas regiões, como o Flamenco, a Dança Indiana e danças folclóricas de diversas partes do Oriente, desde as tradicionais manifestações folclóricas já bem conhecidas pelas bailarinas de dança do ventre às danças tribais da África Central, chegando até mesmo às longínquas tradições das populações islâmicas do Tajiquistão. É relativamente recente no mundo da dança, mas bebe na fonte de diversas culturas antigas e mistura tudo numa alquimia de tom contemporâneo.

Surge numa tentativa de recriar o que poderia ter acontecido, mas havia diferentes tribos, principalmente nômades, e não há qualquer documentação (não há fotografias ou pinturas, nem mesmo escritos) com o que realmente existiu. Provavelmente as mulheres de muitas destas tribos foram influenciadas por outras culturas que
entraram em contato com elas durante as suas viagens nômades.

A idéia de fusão pode ser vista como um processo de tradução cultural seguido da assimilação de informações que são semelhantes entre as danças envolvidas. A tradução das danças para as formas familiares é acompanhada de um conjunto de dispositivos de imitação. Com o entendimento da possibilidade de “empréstimos” e “adoções” de signos, o processo de adaptação pode ser considerado como um movimento duplo de des-contextualização e re-contextualização, retirando um item de seu local original e modificando-o de forma que se encaixe em seu novo ambiente.
Como todas as culturas, existem locais específicos que são favoráveis à troca cultural, especialmente as metrópoles e as fronteiras.

Sempre que ocorre uma troca cultural, se pode falar metaforicamente de “zona de comércio”. Um local importante de troca é a metrópole, local tanto de comércio quanto de cultura, onde pessoas de diferentes origens se encontram e interagem. Nova York, Lagos, Londres, Los Angeles, Bombaim e São Paulo são exemplos contemporâneos evidentes. (BURKE, 2006, p. 70)

Todo este comércio de informações trouxe à dança um caráter de consumo por ter sido difundida através dos meios de comunicação em massa. A propagação da dança através das produções audiovisuais e sua divulgação nos meios virtuais de comunicação (internet) fizeram parte deste processo de comercialização.

Aquelas mulheres que antes “temiam” a execução de uma dança com rotulação sexual como a dança do ventre viram-se diante da alternativa de tentar recriar uma dança onde seu corpo pudesse expressar seus prazeres pessoais, não voltados para uma dominação masculina. A mulher que era escravizada pelo sexo encontra-se na sociedade democrática moderna libertada perante o sexo, mas na medida em que se libertava confundia-se cada vez mais com o próprio corpo.

A tentativa de afastamento do julgamento erótico, antes significativa no surgimento da dança tribal, foi substituída pela “febre” comercial trazida por esta modalidade no universo da dança. Virou “moda” e por mais que houvesse o anseio pelo afugentamento do caráter sexual, a vivência das bailarinas em sociedades capitalistas possibilitou sua adaptabilidade neste meio.

A definição histórica do consumo é a movimentação dos sinais com base na recusa das coisas e do real. O mais belo objeto de consumo é o corpo, corpo aquele visto como capital e como feitiço (ou objeto de consumo) que deixa de ser “carne” (religião) e
força de trabalho (indústria) e passa a ser beleza e erotismo.

A beleza se tornou para a mulher uma necessidade absoluta e religiosa, e juntamente com a sexualidade, orienta a redescoberta e o consumo do corpo. A redescoberta do corpo num ponto de vista auto-reflexivo transformou a dança do ventre no mundo ocidental, sobre influência da globalização e erotização feminina, numa dança onde a mulher assume o papel de objeto sexual masculino, dominante e submissa (a arte da dança pode ser compreendida de outra forma caso os sujeitos da ação, ou seja, corpo(s) que dança(m) e corpo(s) que aprecia(m) permaneçam imersos na dança sem levantar pensamentos erotizados diante da mesma) e a dança tribal, na experiência de rejeitar este enfoque, caiu nas “garras” do consumismo.

Nem tão sagrada, nem tão profana, as danças do ventre e tribal são hoje técnicas desenvolvidas para o corpo feminino.



Referências

BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa, 1991.

BENCARDINI, Patrícia. Dança do Ventre: Ciência e Arte. São Paulo. Texto Novo, 2002.

BORIS, George & CESÍDIO, Mirella. (2007). “Mulher, corpo e sociedade: uma análise desde o patriarcado à contemporaneidade”. Disponível em: . Acesso em 18/05/2009.

BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. (L. S. Mendes, Trad.) Unisinos, 2006.

GRUZINSKI, Serge. O Pensamento Mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

MOTA, Maria Dolores de B. (2007). “De Vênus a Kate Moss: reflexões sobre corpo, beleza e relações de gênero”. Disponível em: . Acesso em 18/05/2009.

PHOENIX, Holly. (2008) “History of Tribal Fusion Belly Dance”. Disponível em . Acesso em 17/05/2009.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Link para video do experimento "Discursos Habitam Corpos"

Caros colegas,

É com muita satisfação que, depois de muitos dias de peleja com o Windows Movie Make consegui editar, gravar o monitor e levar 14h para inserir o video do meu experimento no youtube.

Obrigado pela contribuição de cada um de vocês para a minha pesquisa e espero estarmos juntos no próximo semestre. Bjs

http://www.youtube.com/watch?v=hBpMu0oiatg

domingo, 7 de junho de 2009

Relatório - Laboratório proposto por Thiago Assis

Universidade Federal da Bahia
Laboratório de Corpo e Criação Coreográfica
Docentes: Antrifo Sanchez e Fernando Passos
Discente: Thiago Santos de Assis

Relatório de Experimentação


Apresentação

A pesquisa aqui apresentada foi realizada por um estudante do curso de Licenciatura em Dança, no âmbito da disciplina de Laboratório do Corpo e Criação Coreográfica, na UFBA, ministrada pelos professores Antrifo Sanchez e Fernando Passos, sendo esta escrita utilizada como crédito para a validação do curso anteriormente citado. Para chegar à escolha do objeto e objetivos de meu experimento promovi algumas discussões sobre as questões de gênero, assunto plausível de uma observação mais detalhada, quando equacionando, com as áreas da educação, da dança, de questões sociais e políticas. Porém, o fato de ser em Dança a minha graduação, me fez privilegiar um objeto próximo deste contexto. Direcionei então meu olhar para os “Estados Configurativos dos Corpos” e seus impactos em um dado contexto social. Dessa forma, estruturamos as mais diversas imagens, projetando corporeidades distintas, e refletindo sobre os resultados obtidos, os quais hoje servem como mola propulsora para essa formalização parcial.


Justificativa

Este experimento justifica-se na necessidade de promover estudos mais profundos acerca das discussões sobre gênero, pois em tempos de pós-modernidade, se faz necessário suscitarmos tais discussões, quando concatenadas com as múltiplas reflexões que corroboram com as rupturas dos paradigmas socialmente construídos em nossa diacronia.


Objetivo Geral

Compreender que a discussão sobre gênero não deve ser pautada apenas no binômio masculino / feminino. Entendendo que no trânsito entre esses opostos, existem diversas concepções que burlam o determinismo heteronormativo.


Objetivos Específicos

Projetar diversos “Estados Configurativos” em espaços sociais e analisar as ações esboçadas pela alteridade concomitantemente.

Desmontar estruturas heteronormativas arraigadas em um pensamento reprodutivo.

Examinar o conceito de “Identidade”, a partir da relação entre sujeitos e ambiente.


Procedimentos Metodológicos

O nosso experimento foi didaticamente dividido em dois momentos, sendo o primeiro, pré-requisito para o entendimento mais amplo das intervenções posteriores (trabalho de campo).

A proposta desse laboratório foi expositiva e dialogada, sem muitas delimitações. A intenção era estimular o processo criativo individual, a partir das indicações dadas pelo mediador.


Roteiro Descritivo

O primeiro momento do nosso laboratório, ocorreu no dia 15 de maio de 2009 (sexta-feira), na Escola de Dança da UFBa, contando com a participação dos seguintes voluntários:

• Nathália Matos
• André Luís
• Diego Victorino
• Loraine Brito
• João Miguel
• Carolina Falcão
• Antrifo Sanches

- Propus que os voluntários sentassem em circulo, e sem movimentos aparentes, trabalhassem apenas com a ação de “olhar”, de forma que eles buscassem mutuamente reconhecer os outros sujeitos envolvidos naquele contexto. Foram dadas muitas indicações, como exemplo:
* Liberar as sensações ocasionadas com o processo corrente.
* Olhar para o outro e deixar-se ser olhado por todos.

- Em um segundo momento eu sugeri que todos tirassem as roupas, permanecendo somente com as peças íntimas, na tentativa de anular alguns códigos culturais que apóiam uma “cristalização do individuo”. Dessa forma eles retornaram ao círculo e continuaram sem movimentos aparentes, e trabalhando somente a partir do olhar.

- Em seguida, eu distribui alguns verbos retirados da Taxionomia de Bloom de Habilidades do Pensamento e solicitei que eles se colocassem em dupla, e se colocassem na condição de observador e observado ao mesmo tempo, além de com o olhar transmitir as habilidades do pensamento (apud. Bloom 1956. ) que seriam:

Definir / examinar/ associar /completar/ comparar/ criticar/ convencer/ rotular/ resumir/ medir/ inventar/ modificar/ generalizar/ explicar/ construir/ mostrar/ aplicar/ identificar.

- Após essa interação entre as duplas, eu solicitei que todos fossem até o espelho e frente ao mesmo, projetassem o olhar (ainda com a idéia das habilidades do pensamento) para si mesmos e percebessem o quanto cotidianamente somos ativos / passivos nessa relação.

- A partir de todas essas proposições embasadas no olhar, eu trouxe quatro imagens e as projetei para que os voluntários, olhassem e rapidamente definissem pequenos aspectos sobre o que foi mostrado, como: sexo, orientação sexual, estilo e profissão. A partir dessa proposição surgiram diversos conceitos sobre uma mesma imagem, o que comprova que o nosso olhar é individualizado e sempre está ancorado em nossos axiomas. Por fim, eu revelei para o grupo a “identidade” de cada individuo mostrado nas imagens, e o que foi muito relevante, é o fato de um mesmo sujeito aparecer em duas imagens distintas, com “estados configurativos” totalmente diferentes, e todos os voluntários considerarem o mesmo sujeito como duas pessoas, comprovando que imagem e corpo são sistemas equivalentes, pois cada imagem reverberada por um mesmo corpo, pode provocar significados variados e até mesmo a anulação de uma imagem por outra.

- Após esse momento que tantas inquietações nos causou, exibir para o grupo um vídeo norte americano chamado “Children se, Children do”. Que traduzido para o português quer dizer: “Crianças vêem, Crianças fazem”, com a intenção de deslocar a nossa discussão que até então tinha perpassado diretamente apenas por reflexões sociais, para o contexto educacional, no qual o exemplo tem significados muito presentes no processo de ensino e aprendizagem, auxiliando na construção do “eu” a partir da dinâmica entre os sujeitos e ambientes.

- Finalizamos a primeira etapa do nosso laboratório, com a leitura de um texto autoral, no qual eu reafirmava questões que nos acompanharam ao longo dessa etapa. E lancei também a seguinte questão:

“O que vocês já fizeram em um espaço público que com certeza chocou as pessoas presentes?”.

Com base nas respostas do grupo, construímos juntas as cenas que figuraram a nossa intervenção.

No segundo momento, após a elaboração dos mais diversos “estados configurativos”, fomos a campo a fim de finalizarmos a nossa proposta de trabalho. Escolhemos o Shopping Piedade, por todo o seu trânsito de pessoas das mais variadas camadas sociais, e por atender as necessidades específicas que o nosso laboratório demandava.
Ao chegarmos nesse espaço, nos espalhamos para que a intervenção não ganhasse um caráter espetaculoso, pois isso a tiraria do lugar performativo que havia sido engendrado anteriormente. E obedecendo a dinâmica anterior, os voluntários desenvolveram suas ações e ao mesmo tempo em que eram observados, se colocavam na posição de observadores.
As cenas obedeceram ao princípio da “economia de elementos espetaculosos”, no entanto utilizamos figurinos que colaborassem com o “estado configurativo” que aqueles corpos executavam, na tentativa de manipular as variáveis da pesquisa e garantir os impactos sociais que buscávamos. Foram inúmeras as cenas, mas destaco aqui somente as que mais contribuíram para essa análise:
- Um grupo de três mulheres que conversavam nos espaços do shopping e falavam sobre sexo de uma maneira muito coloquial, falavam sobre masturbação, experimentações, relações homoafetivas, entre outros, que naturalmente despertou a curiosidade do entorno, levando ao esboço de ações carregadas por censuras.
- Um casal aparentemente no padrão social heteronormativo, ou seja, um homem e uma mulher, mas com os papéis subvertidos, tendo as suas configurações borradas por códigos diferenciados dos socialmente construídos. Essa proposição provocou muito as pessoas do shopping, tendo até sido observada algumas ações violentas contra aquela imagem por nós idealizada.
- Um homem com “roupas masculinas”, mas que andava no shopping com um sapato alto, e mesmo a configuração sendo culturalmente masculina, a justaposição de um código que não correspondia aquele “padrão”, foi rapidamente execrada.


Avaliação

A avaliação se deu de forma processual, de maneira que em todas as nossas ações metodológicas, refletíamos sobre a práxis, e isso de certa forma já se configura como um processo de avaliativo. Considero que tangemos nos diversos aspectos desse processo, pois diagnosticamos os entendimentos do grupo sobre o tema proposta, bem como ao longo do processo fizemos algumas interações formativas.
Com base no desenvolvimento desse laboratório, eu considero importante algumas questões que ficaram perceptíveis com o processo. É preciso ter muito cuidado com a tendência natural que temos de projeção do outro, a partir de nós mesmos, isso é algo perigoso que nem sempre corresponde ao resultado esperado, pois quando as variáveis dependentes da pesquisa, são sujeitos, a manipulação é pouco provável. Percebo que algumas ações elaboradas pelo nosso coletivo, não causaram os impactos esperados, pois as pessoas presentes no Shopping não se chocaram com as mesmas. No entanto, acredito piamente que todos os objetivos foram alcançados, e isso respalda o nosso estudo como proficiente. Sabemos que muitas questões surgiram a partir desse processo, mas não teríamos jamais a pretensão presunçosa de esgotá-las. Concluímos o nosso laboratório com diversas lacunas a serem discutidas em momentos posteriores.


Referências:

- FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da paixão. Trad. Ligia Pondé Vassalo. 6 ed. – Petrópolis: Vozes, 1987.
- FARR, ROBERT. M. As Raízes da Psicologia Social Moderna. RJ, Vozes. 2008
- BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 1989. 284 p.