RELATÓRIO DO LABORATÓRIO DE CORPO E CRIAÇÃO por Carolina Falcão
Professores: Antrifo Sanches e Fernando Passos
O Laboratório inicialmente tinha como objetivo explorar os movimentos estereotipados dos gêneros masculino e feminino,percebendo como esses movimentos se dão em diferentes corpos (não necessariamente dos gêneros correspondentes) e em diferentes situações psicológicas,sociais,financeiras,sexuais. O trabalho corporal seria solicitado em tempo dilatado de forma que pudessem se desdobrar as partes do corpo e as intenções corporais diante da visão do vídeo e através da projeção, a partir daí poderiam se desdobrar outras percepções que não só a do gênero determinado.O trabalho corporal seria desenvolvido a partir de estímulos visuais,sonoros e direcionamentos.Os corpos desenvolveriam as suas experimentações a partir das orientações e estímulos em uma passarela de luz, com música de desfile de moda e com a restrição das direções utilizadas nas passarelas.O Laboratório tinha como foco dentro do tema gênero de trabalhar corpo-moda,corpo-modelo,corpo-padrão com todas as suas implicações e exigências.
A proposta rotula e categoriza dois grupos heterogêneos e dicotômicos divididos em: homens e mulheres.Objetiva captar as sensações do que é ser um corpo categorizado e realizar movimentos realmente estereotipados do ser homem e mulher padrões. A partir do olhar em tempo real da câmera esses corpos poderiam se transformar ao olhar do espectador,perdendo e/ou transformando esses estereótipos.
Como Aconteceu: Como no momento do laboratório não houve a disponibilidade da câmera de vídeo e consequentemente a projeção dos mesmos em tempo real modifiquei algumas indicações como a do tempo dilatado na realização das "cenas",por exemplo. A turma foi dividida em dois grupos heteronormativos e binários(dicotômicos),foram distribuído papeis com os números 1 e 2. Quem fosse 1 seria homem e quem fosse 2 seria mulher. A partir dessas determinações biológicas sexuais.E foi pedido para que não fosse comentado com os outros o seu sexo determinado.
Como a intenção era que as pessoas não soubessem o que as outras "eram" foi pedido que o grupo 1 saisse do teatro e teve acesso a revistas masculinas e femininas, a indicação foi para que atentassem para os verbos de ação contidos,impostos nas propagandas publicitárias tanto propagandas direcionadas para homens quanto para mulheres e já pensassem como esses verbos podiam se dar nos corpos em cena.
O segundo grupo ficou no teatro e assistiu a imagens e sons que são os estereótipos do que é ser Homem pela publicidade. A partir de fotos,sons(textos) e filmes.Houve então uma troca dos grupos e as mesmas indicações foram dadas.
Quando os dois grupos terminaram os vídeos/slides e o acesso as revistas, foram dadas indicações de como a partir desses verbos de ação e estímulos dados pelos slides desenvolver nos corpos os questionamentos,dúvidas,revoltas,aceitações,realidades que esses padrões,definições,verdades trazem para a nossos corpos a partir de diferentes realidades: sexualidade,classe social,raça,intersexo...esse “personagem”poderia ser real( baseado em si próprio ou alguém conhecido) ou inventado.
As pessoas tiveram cerca de 10 minutos para desenvolver a cena sendo que o espaço tinha uma limitação. Era uma passarela de luz e eles teriam a limitação de usar o espaço da passarela para a cena e as direções usadas na passarela.Não houve indicação quanto ao tempo para desenvolverem a sua cena. Esse corpos foram filmados em câmera digital.
Depois de todas as cenas serem executadas sentamos em roda e o grupo falava o que achava que cada um era(homem,homo,negro,etc) e depois de ouvirmos, as pessoas falavam o que realmente “eram”. A seguir os vídeos dos trabalhos o que as pessoas falaram pelo estereótipos e o que as pessoas eram...
Diego:
O que disseram: Mulher comum,branca mas bronzeada,heterossexual,insatisfeita,insegura.
O que era: Modelo heterossexual, se glorifica,se identifica com o padrão.”Eu sou mais eu, eu ganho dinheiro mesmo, não preciso de photoshop”
André:
O que disseram: Mulher, novinha,o produtor come ela,negra,ela odeia os vizinhos,pobre que corre atrás,ascendente,periférica no Jet set,ela não pertence aquele lugar,vai morrer de nóia.
O que era: Mulher tentando chegar lá,buscando oportunidade,periférica,burra,estilo segura tranqüila com o padrão.
Thiago:
O que disseram: Mulher coroa que apresenta programa de moda,hiper educada mas é cachorra na cama, saiu do BBB para foto sensual,drag,boate gay,passarela erótica,homem travestido.
O que era: Puta casquinha de siri,puta que anda com viado,quer ser viado,mostra o rabo,toda boa,mulher carne, heterossexual,tranqüila com o padrão.
João
O que disseram: homem gay, no armário.Modelo obrigado a ser homem,cofrinho forjado, cofrinho é não gay,leva vida gay.
O que era: homem gay, de frente é hetero de fundo é gay, tranqüilo com o padrão,classe média.
Natália Matos:
O que disseram:Homem moda praia, mulher teen,gay, lésbica,parece tranqüila com o padrão.
O que era: Garoto classe media alta, todo mundo acha que ele é gay, ele acha que pode ser, tem 15,16 anos.
Alana:
O que disseram: Homem pra sociedade, mas é mulher,homem heterossexual, drag mulher,homem intersexo,confusa com o padrão.
O que era: mulher, midiatização para homens,é uma mulher que come( se comporta como homem hetero clássico),manda na parada,bem remunerada,bissexual.
Evie:
O que disseram: Totalmente em crise com o padrão,mas não transparece,sublimentemente tenta entrar no padrão mas esta totalmente fora.
O que era: Separa,estica,define(verbos de ação da revista),prende, modela, mulher negra,categoria em ascensão.
Joline:
O que disseram: mulher hetero,neurótica,bulímica,anoréxica,fotogênica equivocada.
O que era: tenta se modelar ao padrão,classe media,anoréxica.
Natalia rosa:
O que disseram: boy hetero machista se acha, Jonny bravo.
O que era: Playboy de camarote, come, gostosão, homofóbico, marrento.
Vitor:
Homem , hetero, tipo gogo boy, tipo olha o que eu tenho pra você, ele come cu porque quem come não é viado,sem beijo.
O que era: tipo pegou no pau ta subindo,pobre ascendente, metrossexual, quer usar marca.
Ao término das falas foi apresentado o trecho do texto de Baudrillard, A sociedade de consumo, buscando relacionar as idéias abordadas e questionadas pelo texto e as questões surgidas pelo experimento. Algumas palavras-chave emergidas pela discussão : Mulher-bandeja , mulher morta, padrão na dança, corpo algoz.
O que não funcionou: Eu havia me programado para uma discussão mais embasada e densa, porém poucos alunos estavam presentes,poucos tinham lido o texto e o encaminhamento talvez direcionou a importância mais para a parte corporal.Porém de um modo geral a discussão gerou questões coerentes com a proposta e que proporcionaram novas "vontades" para pesquisa no tema.
domingo, 14 de junho de 2009
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